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“Tanta placidez e tranquilidade chegam a criar a ilusão, muito difundida, de que em Manaus não existiriam classes sociais, ou melhor, haveria apenas uma grande, imensa e única classe, a classe média. Fome e miséria eram-lhe completamente desconhecidas. Segundo o Anuário Estatístico do Brasil, em 1937, o município de Manaus possuía uma população calculada em 91.298 habitantes. Comparativamente, é uma cidade de porte médio, bem menor que Belém, com seus 303.740 habitantes, e maior que os demais centros urbanos da Amazônia, que pertenciam, na época, aos Estados do Amazonas e do Pará. O crescimento médio anual é lento, principalmente após a débâcle da borracha.
Apesar do isolamento geral que se vivia, rodeada por zonas agrícolas e de pecuária, a cidade era bem servida em estabelecimentos de ensino, entidades culturais e esportivas e órgãos de imprensa. Contava com algumas Faculdades remanescentes da antiga Universidade Livre de Manaus: Agronomia, Ciências Jurídicas e Sociais, Farmácia e Odontologia, além da Escola de Comercio “Sólon de Lucena” (da Prefeitura), dois ginásios (o Amazonense, público e diurno, e o Duque de Caxias, particular, noturno; dois educandários, Colégio D. Bosco e Nossa Senhora Auxiliadora, com cursos ginasiais e comerciais, a Escola Normal do Estado e os colégios S. Francisco de Assis e Santa Dorotéia. Escolas de música, de pintura, de modista, de bordados, de canto, de trabalhos domésticos, de datilografia completavam o campo educacional. Santa Casa, Beneficente Portuguesa, Hospital São Sebastião, Abrigo “Menino Jesus”, Hospital Infantil e um leprosário bem organizado. Clubes de Natação, como o Náutico Português e o “Ruder”, o Atlético Rio Negro, cuja sede então começava a ser edificada, o Clube dos Ingleses, Nacional Football Club, União Esportiva Portuguesa e Luso Sporting Clube. Bosque Municipal. Parque Amazonense. Ideal Club. Parque “10 de Novembro”.
Apesar da crise do mercado internacional, a exportação da borracha continuava subindo, mas outros produtos extrativos e uma agricultura florescente ampliavam o quadro econômico. Poetas, escritores, críticos de arte e das letras, cientistas e literatos formam dois grandes centros luminosos de sabedoria, o Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas e a Academia Amazonense de Letras. O Álbum de Manaus (1938) da gestão do prefeito Antonio Maia, elogiava o progresso recente da cidade: Parque industrial de largas possibilidades, com fábricas de cerveja e gelo, de bebidas gasosas, de sabão, de massas alimentícias, de móveis, de calçados, de munições e de louças esmaltadas. Usinas de beneficiamento de castanha com centenas de operários de ambos os sexos, de crepagem de borracha. O redator confiava que “os dias sombrios, de ontem, sobrevindos com a decadência da cotação da hevea brasiliensis, felizmente agora a caminho de completas normas reabilitadoras, mercê da pertinácia de seringueiros e seringalistas e da confiança das firmas aviadoras do interior, preparam os proporcionadores da riqueza amazonense para todas as emergências, fazendo-os técnicos completos. Há rumos certos na atualidade. O homem curva a fronte, penitenciando-se de erros passados e numa reverência ao subsolo rico, à terra fértil e hospitaleira, estende os braços ao ar, na colheita de frutos e sementes que são pepitas de ouro, penduradas na ramagem ou nos galhos dos soberbos dominadores das selvas”.