Da borracha ao café
Por todo o país, a vida urbana e seus novos padrões de conduta, trazidos pela modernidade do modelo europeu, notadamente inglês, de consumo e investimento em infraestrutura, faziam da energia elétrica, serviço de transporte coletivo, comunicação, logística e água encanada, os ícones de um novo paradigma social.
Essa modernização não alcançava as camadas populares, formada principalmente por operários, artesãos e desempregados, cerca de 70% da população, que vivia em situação precária, por conta da “política de valorização do café”, responsável pela desvalorização da moeda nacional para facilitar as exportações, assegurando os lucros do setor cafeeiro.
E se, as boas notícias não chegavam pra amenizar a ansiedade de cada dia, os relatos confiáveis, trazidos de cada embarcação, já autorizavam a certeza de que a borracha perdia valor de mercado e reduzia as esperanças de recuperação, atrofiando os horizontes de quem ali chegara para encontrar a prosperidade sonhada. As oscilações nas exportações de café, no Sul do país, por sua vez, levavam o governo a constantes desvalorizações da moeda e consequente aumento do custo de vida. O ano de 1922, portanto, foi um marco na contestação do regime vigente. O Brasil adentra à modernidade por caminhos tortuosos e conflitantes.